"DESAFIO MAR DE TINTA • GRUPO CANETA TINTEIRO"
Se existissem cisnes ou
patos no mar, a metáfora ia ser plena: ele era um patinho feio. Contudo, no
meio do oceano, tal trocadilho não fazia sentido, pois aquele pequeno e frágil
polvo não era comparado a um pato, nem a feio e nem a cisne – que graça teria
essa frase sem conhecer a história do patinho feio? Ele era um peculiar e
extraordinário cefalópode.
O cefalópode não era
desprezado por ser de sua espécie, ele
era desprezado por quem era – ou porque deveria ser algo que não é. Acho
que todos os seres humanos – alguns de maneira mais violenta que outros –
passaram por essa experiência nefasta que invade o âmago e o deixa a beira de
um abismo, talvez, você, caro leitor, seja capaz de se identificar com nosso
querido Pouple.
Pouple não era seu nome
de batismo, pois todos o viam como Polvículo.
Pouple recebeu esse nome muito tempo depois, porém, essa não é a história que
eu vim lhe contar. A história é muito diferente e, ao mesmo tempo, encaminha-se
para esse ponto: o nosso destino nos prega peças, as mudanças de rumo e as
mazelas nos arrastam até, às vezes, o
fundo do mar – ou o fundo do poço, se você é um humano, claro –, mas sempre
há uma estrela de seis pontas para
mostrar que nada foi em vão e, nesse momento, você ganha um novo nome e, até,
uma nova casa – seja ela literal, como do nosso convidado especial, ou
metafórica.
Você pode bater em um
recife de coral, estragar todo o banquete de uma comunidade de peixes palhaços
e pode ser expulso por pensar diferente, porém, ainda assim, há um pouco de
esperança. Tudo tem um propósito. Quando tudo dá errado consecutivas vezes, em
algum momento, tudo dará certo – às vezes, demora; às vezes, a espera é tão
sofrida que você pensa em desistir.
Mas você ainda não
desistiu, porque existe uma força em você que pode derrubar uma baleia-azul –
você só não percebeu. Pouple quase desistiu também, e ele não se arrependeu por
não desistir. Não porque encontrou humanos que o acolheram e nem porque agora
ele se veste do jeito que quiser ou age como um gato, dizendo que suas donas – embora esse não seja um
termo muito satisfatório para falar dessa relação –são suas escravas. Ele
realmente manda nelas; ele realmente decide coisas. Elas aceitam; infelizmente, ele geralmente tem razão. Talvez
a experiência de vida tenha o elevado ao ponto de se tornar um verdadeiro
aristocrata do mundo da literatura e um grande mister de nossos corações...
Desculpe, mudei de
assunto. Não foi por pessoas ou por relações sociais que Pouple mudou de
atitude; algo nele – incrível e belo – mudou. Em um mundo onde as relações são
tão complexas, ele preferiu a simplicidade e decidiu que o mundo era mais do
que seus semelhantes, mais do que os humanos e mais do que a natureza em si; o
mundo era uma grande performance de múltiplas realidades, bastava escolher uma,
qualquer uma, e se ajustar a ela – e ele não escolheu a realidade cotidiana ou
o mundo dos vampiros em específico, o que escolheu foi a realidade que o
acolhia por quem era e por aquele universo que não o julgava por ser daquele
jeito.
Ele escolheu a Literatura
– e a arte, e a performance. Pouple não queria mais ser um, porque – como seus
tentáculos – podia ser cinco, dez ou oito. Podia ser quantos quiser e, ao mesmo
tempo, um. Dentro dessa pequena realidade, ele descobriu. Ah, ele descobriu
como polvoar o mundo.
Você quer saber como
começou essa jornada? Eu te conto.
•
No lugar onde o
cefalópode vivia, não havia luz. Literalmente, antes que pense o contrário.
Contudo, os animais adaptados ao meio ambiente conseguiam ver tudo muito bem.
Pouple via melhor ainda.
Às vezes, alguns diziam que esse era o problema – ele se preocupava tanto com
os detalhes que se esquecia das verdadeiras coisas importantes. O que eram
essas coisas? Bem, ele ainda não descobriu – logo, nem eu.
A questão é que o mar
para o pequeno e inexperiente polvo era um lugar mágico, os recifes eram tão
coloridos que as cores se perdiam na bruma do olhar. Os mais vibrantes,
avermelhados e róseos, eram sempre os que mais encarava; também havia as
preciosidades douradas que se moviam tão pouco a cada dia, de um lado para o
outro com a correnteza da onda.
Ele se perdia de novo,
agora, nadava junto a correnteza e tentava compreender como funcionava, a
direção que escolhia – questionava a
correnteza! Como pode um polvo querer falar com as águas? Contudo, Pouple
tentava, pois sempre haviam lhe falado a respeito da Santa das águas – uma
divindade que sempre clamavam em sua chegada.
Por que ela não poderia
falar com ele e lhe contar os mistérios do mar? Ah, se perdeu mais uma vez!
Agora, vislumbrava as pequenas peças humanas jogadas na areia límpida, aqui e
ali, redondas com coisas desenhas que ele não sabia identificar, pequenos
riscos que ganhavam forma.
E formas e mais formas.
Pouple poderia se perder dias com aquilo, porém, sempre era interrompido. Uma
nova curiosidade brotava e brotava em sua mente saltitante! Ele, como aquelas
moedas que deixou cair no chão de areia, brilhava – embora seja alaranjado, o
sentido é bem mais metafórico.
— Polvículo! — exclamou
outro cefalópode com a cabeça mais alongada. — O que está fazendo longe de toda
a colônia nesses tempos? Os seus vão se preocupar, não?
Aquele era o senhor Lula,
um – literal – senhor molusquento da
mais perfeita ordem, no fim de sua vida, praticamente. Talvez, fosse o mais
gentil entre todos os moradores do oceano com seus tentáculos extremamente
compridos e sua expressão continuamente bondosa. Se Pouple pudesse colocá-los
em uma categoria de peixes mais gentis, obviamente. Além disso, antes que
perguntem, ele sempre coloca o peixe palhaço em primeiro lugar do mais
rabugento das espécies. Nem mesmo os tubarões ganham, acredite.
— Não vão se preocupar.
A cabeça estava baixa, os
olhos perdidos na areia como se o mundo não tivesse espaço para ele. Pouple
precisava respirar – mas, como os humanos, parecia que ele era incapaz.
Geralmente, fugia daquele polvoado
que sempre o tratava de maneira indecorosa, só porque pensava diferente, agia diferente.
— Claro que vão, sempre
se preocupam.
Pouple continuou
encarando o chão, embora conseguisse ver as pequenas partículas de areia
subindo enquanto o seu companheiro das
partidas imaginárias de cefadrez se aproximava. Um dos tentáculos atingiu
sua cabeça, afagando-o suavemente – ou fossem as águas que o protegiam de um
cascudo, vá saber! Na época, Pouple não entendia muito a respeito do empuxo.
— Pode não acreditar, mas
eles, à maneira deles, preocupam-se
com você. Eles não entendem porque você é diferente. Mas ser diferente não quer
dizer que seja ruim, você só é especial.
— Ser especial é ruim, minha mãe me disse
quando eu era ainda bem jovem — respondeu o nosso protagonista. — O que é ser
especial em um mundo que só se preza a normalidade? Eu não sou como eles, eu sou como eu. O que tem demais nisso?
Se barbas pudessem
crescer em uma lula, teriam crescido naquele momento, pois o senhor Lula
afagava com um tentáculo debaixo da boca. Não respondeu imediatamente, pois sua
experiência sempre o lembrava como era difícil de lidar com aquela idade de
transição entre ser quem é e ser quem deveria ser.
— Tem tudo demais, na
verdade. Todos esperam que você seja alguém que toda a comunidade admira, toda
a comunidade aceite e se orgulhe. Mas isso não quer dizer que você não seja
capaz disso porque não usará os métodos convencionais, entende onde quero
chegar?
— Não.
O molusco de cabeça
alongada arregalou o olho, um pouco perdido no que iria falar. Ele achava que
Polvículo iria entender, pois era muito inteligente – ainda que se distraísse
com as pequenas coisas. O pequeno cefalópode, ainda mais em comparação a ele,
ainda encarava a areia.
Sabia que muitos
problemas ainda percorreriam o caminho do pobre polvo, porém não tinha o que
fazer, além de aconselhá-lo com a sua sabedoria. Encarou um tempo as pedras à
alguns metros de distância, suspirou ao observar uma baleia cachalote que não o
percebeu ali e voltou a dizer quando viu que Polvículo observava algumas algas
a distância, próximas aos recifes de corais.
— Você não precisa fazer
o que eles querem, nem precisa ser como eles querem. Você só precisa crescer e escolher o que é melhor para
você. O melhor para você será o melhor para o mundo, porque é à sua maneira que
ele vai mudar e é a partir da sua felicidade que os outros vão enxergar que ser
diferente é ser especial. Não existe
isso de ser especial é ruim, não importa qual a forma você seja especial, isso
é mais do que muitos podem ter.
— Mas eu não quero ser especial, eu quero ser eu mesmo — disse,
sentindo que se as águas não existissem, seria capaz de chorar; como ouviu
certa vez de um golfinho. Ele só queria
fugir de tudo e se esconder atrás da sua tinta. — Qual o problema disso?
— Ser você mesmo é ser
especial, pois nem todos possuem esse privilégio, não concorda?
Por um momento, o polvo
encarou o mais velho, observando os pequenos traços enrugados e arroxeados de
sua face com mais carinho que jamais imaginaria. Senhor Lula sempre foi muito
gentil e sempre se importou com os demais da mesma maneira que se importava com
seus filhos.
— Você acha que eu vou
conseguir ser assim?
A lula deu uma risada,
achando graça – embora fosse verdade – o que o pequeno havia dito. Não era
fácil ser quem desejava ser ou quem realmente era em uma sociedade que está
pronta para inibi-lo a todo custo.
— Se você lutar por si
mesmo, ir além por suas convicções, não vejo porque não — respondeu com
sinceridade. — Mas, lembre-se: da mesma forma que deseja para si, deve desejar
para o próximo. Nunca machuque ninguém. Sei que não é da sua natureza, mas
nunca se sabe!
Pouple riu, pois sabia
que jamais seria capaz de ferir alguém. Nem mesmo conseguia atirar a tinta à
direção dos predadores na hora de fugir. Um grande problema, se quer mesmo
saber.
Os dois ficaram em
silêncio um tempo, aproveitando para observar o esverdeado da água, as pequenas
impurezas que flutuavam, a areia creme que carregava mais dos humanos do que
eles poderiam prever, os recifes de corais que transbordavam uma abundância de
cores. Parecia ser a última vez que
miravam aquele lugar – com tanta paz e calma.
— Senhor Lula, — chamou o
menor. — Eu sempre venho até aqui quando quero fugir, mas ninguém vem até tão
longe. O que o senhor está fazendo aqui?
A pergunta genuína pegou
o outro de surpresa, fazendo-o se engasgar com a água que tinha acabado de
engolir – já era velho o suficiente para ninguém o julgar por fazer isso tão
abertamente.
— Bom, meu jovem
cefalópode, — suspirou profundamente antes de continuar. — Como sabe, eu estou
velho, não tenho mais aquela disposição que tinha antigamente e meus tentáculos
vivem doloridos se não caminhar...
— O senhor poderia ter
caminhado na areia esportiva, não acredito nesse discurso.
Em alguns momentos,
aquela pequena criatura, que há pouco havia aconselhado, era muito perspicaz,
porém, em outros não funcionava da mesma forma. Talvez esse seja o problema,
quando se relacionava aos outros, Polvículo era capaz de perceber os mínimos
detalhes escondidos na superfície da expressão; porém, ao falar sobre si, o
mundo se fechava em uma onda de não-possibilidades que o esmagavam continuamente.
No fundo, todos somos assim.
— Você me capturou na rede! — exclamou, levantando quatro de seus
tentáculos. — Eu estava passeando para bem mais longe do que possa imaginar.
O pequeno animal pensou
antes de responder:
— Mas se o senhor
continuasse nadando, não iria parar perto da praia? Essa é a direção para onde
os humanos ficam, eu tenho certeza!
Na boca do mais velho,
surgiu um sorriso peculiar. Ele estava certo, esses eram e continuavam sendo
seus planos, porque – uma vez – ouviu a respeito de uma grande bola no céu
humano e queria vê-la nitidamente, algo que jamais conseguiria no mar, antes de
partir para perto da Deusa Mãe.
— Eu quero ver o Sol
antes de morrer.
Pouple olhou rapidamente
para o senhor Lula e desviou o olhar, envergonhado de encará-lo. A morte
espreitava o ser mais admirável do mar e o pequeno cefalópode era inútil nessa
situação, não poderia ajudá-lo nem se quisesse, pois sabia a sensação de
desejar morrer.
— O senhor quer morrer...
— Não! — riu o mais
velho, balançando os tentáculos. — Não, não! Não é isso, meu jovem. Eu estou
velho, meu corpo já não aguenta tanto, se eu não aproveitar essa viagem, eu
nunca serei capaz de vê-lo! Lembre-se: nunca somos velhos o suficiente para não
realizarmos nossos sonhos, a única coisa que nos impede de fazê-los é se
estivermos mortos.
Se Pouple pudesse abrir
mais seus olhos, ele faria. Contudo, não pudera responder, pois o senhor Lula
pegava algo debaixo dos seus tentáculos inferiores, algo que nem sequer havia
notado – e ele percebia tudo, acredite.
— Isso é para você,
Polvículo!
O formato do objeto era
quadrangular, sendo de cor escura – um verde quase preto –, parecia muito
frágil em seus tentáculos, suas ventosas quase que se grudaram a ele e o
desfizeram. Ele abriu com cuidado e não entendeu nada do que estava ali.
— O que é isso?
— Um caminho — explicou.
— Um caminho, como o que eu vou tomar agora. E, não se preocupe, peça a meu
filho, quando ele for dar as minhas coisas aos tubarões, para ficar com o que
eu chamava de livro. Encontre um de capa azul, ele o ajudará a aprender esses
símbolos estranhos. Um mundo novo vai se abrir para você.
Naquele instante, Pouple
não compreendeu: não havia um mundo novo para viver, somente partes
inexploradas que tinha medo demais de alcançar. Contudo, um passo de cada vez,
ele perceberia que existiam mundos, lugares inexplorados para poder ir e vir –
e mudar tudo outra vez!
Um mundo novo se abriu
para ele, como se abre agora para você, caro leitor, o desejo pela literatura.
Continua...
[Estou participando do DESAFIO MAR DE TINTA do GRUPO CANETA TINTEIRO]
ResponderExcluirQue linda a sua história! Adorei o tom filosófico que você empregou, a dialética entre a lula e o polvo é realmente tocante. Impossível não se identificar com o Pouple, que tenta a qualquer custo compreender do mundo e, ao mesmo tempo, compreender a ele mesmo.
Adorei as metáforas e neologismos empregados, principalmente o "polvoado" e o "Você me capturou na rede!". Pode parecer bobo, mas esses pequenos e sutis detalhes dentro de uma narrativa sempre são capazes de arrancar um sorrisinho meu.
Adorei a ambientação, embora eu ache que a história merecesse um pouco mais de elementos descritivos. Sei que existem pessoas que não curtem muito, mas eu gosto bastante. Esse trecho "a areia creme que carregava mais dos humanos do que eles poderiam prever" foi simplesmente perfeito e não sei se foi sua intenção, mas me veio a mente a areia cheia de resíduos humanos, vulgo lixo. E foi mostrado de uma forma tão poética que está digno de aplausos!
Gostei bastante do narrador. Esse é um "personagem" que poucas vezes percebemos que existe dentro das histórias, mas esse ar casual, como conversar de bar, os apontamentos explicitamente direcionados ao leitor dão um ar muito autêntico a história e eu simplesmente adoro isso. No entanto, preciso confessar que o princípio da história não me instigou muito, acredito que pelo ritmo meio lento. Também achei o momento de devaneio meio desnecessário e um pouco cansativo. É questão de gosto pessoal, então por favor não se chateie. Apesar desta parte inicial não ter chamado muito minha atenção, ela contrasta bem com a narrativa propriamente dita, quando a história de Pouple começa a ser contada. Essa é descritiva e instigante, de um jeitinho que eu adoro.
Com esses apontamentos, terminei de ler sua história com um saldo positivo, e muito curiosa para saber que objeto foi esse que ele recebeu da lula. Não sei se por mistério da trama ou por falta de sagacidade da minha pessoa, não consegui identificar o que era e agora estou bastante curiosa!!
Olá, boa noite, Vi. <3
ExcluirMuitíssimo obrigada pelo elogio, de verdade. Por conta do tom filosófico, a história se torna bem lenta e bem gradual, mas fico feliz que você tenha o curtido, a ideia do polvo e da lula é pela relação semelhante de ambos os cefalópodes. A Lula não é um polvo, não é da comunidade do Mr Pouple, mas é capaz - mesmo com as suas diferenças - de compreendê-lo melhor, como é o caso da própria realidade.
Nós passamos toda a vida tentando nos conectarmos, compreendermos a nós mesmos e aos outros. Pouple passa pelo mesmo problema por ser muito diferente da sua comunidade, muito deslocado. Quantos de nós não nos sentimos desse jeito?
Eu adoro um neologismo e uma metaforazinha, confesso, na verdade, a metáfora - como eu acho que comentei no texto a respeito delas - é a minha paixão literária. Uma boa metáfora me ganha fácil, daí sempre tento fazê-las da melhor forma possível. E fica mais gostoso ao saber que tu deu um sorriso com elas. ;)
Obrigada por comentar isso. Eu realmente sou péssima em ambientação, muito - e tenho um medo de exagerar por ser leitora do Tolkien, né. Então, eu já comecei com o pé esquerdo quando a gente decidiu que tinha que ser ambientação. Mas acho que isso também tem a ver com meu estilo de narrativa aqui, ela é para ser mais filosófica e mais intrínseca sobre a questão sentimental do que externa, do ambiente. Mas não muda o fato de que, realmente, sou péssima nisso. Obrigada pelo toque, vou me atentar mais. ♥
Obrigada! Foi intencional sim e fico feliz que tenha percebido, dentro das minhas narrativas, eu sempre acabo colocando muito mais do que parece, sempre coloco muitos detalhes que, geralmente, saem despercebidos, já que sempre tenho a intenção de fazer o leitor perceber, notar. Obrigada por mostrar que notou. ♥
A ideia de um narrador casual surgiu logo no início, porque é muito complicado - principalmente na internet - você já enviar para os leitores, de todas as idades possíveis, alguém muito pesado. Por isso, tirei a função direta do Pouple e passei para um narrador em terceira. Fico feliz que esse narrador tenha te chamado a atenção, eu gosto desse tipo também. Ele é do mesmo tipo que te dá um tapa na cara quando você precisa.
Em relação a isso, é uma introdução porque a nossa ideia é cada uma de nós escrevermos um pouco a respeito dele. Em alguns meses, quando ficar mais fácil, pensamos em dar uma linearidade na narrativa e essa introdução, ao contrário da história em si, dá uma diretriz melhor. Ela é literalmente uma introdução, um guia - então, é mais chatinho mesmo.
Não se preocupe. Como eu disse hoje até: o que seria do azul se todos gostássemos do amarelo? Eu confesso que acho ela bem necessária para a formação do personagem, porque mostra o quão afetado dentro de sua narrativa ele é, mas também acho que se torna um pouco cansativo, porque não deixa de ser uma descrição.
Fico super contente que a parte da narrativa tenha te prendido, mas, de fato, o início é realmente isso que eu expliquei - acaba sendo algo que não tenho como tirar. É como um livro, você precisa entender o mundo, o que está acontecendo para, enfim, partir para a ação. Nessa narrativa, por ser mais filosófica, acontece isso também por esse aspecto. A divagação é parte da história porque é parte do personagem.
Fico feliz que tenha curtido mesmo a narrativa em si e peço desculpas por não ter te agradado em um todo. Aliás, obrigada por dizer que ficou com saldo positivo, se tiver algo a mais, pode sempre falar comigo, eu sou realmente de boa com críticas.
Em relação a isso, vamos ficar na curiosidade até o momento certo, porque nem eu sei o que vai sair daí. É um mistério da narrativa, mas não necessariamente precisa ser, porque, se você se encaixa e se identifica com o Pouple, saiu de uma fase conturbada pela porta da literatura, pode ser seu livro favorito, não acha? ;)
Obrigada pelo tempo e pelo comentário, linda. ♥